By Bárbara Gancia, 29 de Janeiro de 2010
Pincei alguns trechos de um texto que estava lendo de manhã, de autoria de Márcio Retamero, teólogo e historiador, mestre em História Moderna pela UFF/Niterói e pastor protestante da Comunidade Betel do Rio de Janeiro.
Veja e depois eu volto:
“A Cidade do México aprovou uma lei que garante igualdades de direitos dos seus cidadãos homossexuais aos heterossexuais, inclusive o direito à adoção. A Igreja Católica do México, através de seus representantes, se manifestou contrária à lei, alegando que homossexuais querem adotar crianças para abusar sexualmente delas, usando-as também para pornografia infantil e prostituição.
Eu recomendaria aos representantes da Igreja Católica do México a leitura do livro “Fallen Order”, de Karen Liebreich, doutora em História pela Universidade de Cambridge. O estudo é uma longa pesquisa historiográfica sobre os abusos pedófilos cometidos pelo clero europeu.
Remontando ao século XI, Karen nos revela, entre outras coisas, que no ano de 1050, Pedro Damian, hoje santo, escrevera um relatório ao Papa Leão IX sobre os abusos sexuais infantis, acusando os superiores hierárquicos dos padres abusadores de crianças de conivência e parceria na culpa. Resultado: o Papa Leão IX abafou o relatório de São Pedro Damian.
“Abafar o caso” quando se trata deles, para depois, dedos em riste, acusarem homossexuais de perpetradores de pedofilia é, desde o século XI, o que fazem alguns prelados romanos.
Karen também nos relata outro caso: no século XVII, o abuso sexual infantil era cotidianamente praticado por sacerdotes da “Ordem Religiosa das Escolas Pias”, também conhecida como “Padres Escolápios”, dedicada à educação de crianças de pais pobres. José de Calazans, o fundador da Ordem e hoje santo, sabia dos abusos sexuais contra as crianças e tentou “abafar o caso”.
João Paulo II, em seu longo pontificado, enfrentou sua maior crise no caso dos escândalos dos abusos sexuais dos padres pedófilos americanos e europeus, tentando “abafar o caso” até onde conseguiu. Não demorou muito para que a imprensa do mundo inteiro relatasse o que acontecia dentro das paredes de algumas, na verdade, muitas, paróquias católicas.
Dois anos antes dessa bomba cair na Cidade do Vaticano, o mundo soube o que acontecia na Arquidiocese de Boston: os padres John Geoghan, Shanley e Birmingham estavam sendo expostos na mídia como pedófilos. O primeiro foi condenado pela Justiça do Estado de Boston por ter abusado de mais de 130 menores. Nessa época, o então Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, encontrava-se semanalmente com João Paulo II. Nesses encontros, ele assegurava ao então Papa que menos de 1% do clero católico nos Estados Unidos eram “alvos” de denúncias, o que o relatório da Universidade John Jay mostrou ser uma mentira.
Que sinal mais claro poderia a Igreja Católica Romana enviar aos seus fiéis de que ela administra a justiça em dois níveis, um para os leigos e um outro para os clérigos?”
Joaquin Navarro-Valls, numerário da Opus Dei, que durante mais de vinte anos foi o porta-voz do Vaticano na “Era João Paulo II”, foi o primeiro com posto na Igreja Católica a relacionar homossexualidade e pedofilia, publicamente. Ele sempre foi taxativo em dizer à imprensa que “padres gays” são os responsáveis por tais abusos. Ora, sabemos que isso não é verdade! Sabemos, porque as pesquisas sérias sobre este nefasto tema nos informam que a maioria dos abusadores sexuais de menores são heterossexuais, 75% deles do sexo masculino, que mantém uma relação próxima e simbólica de poder sobre a vítima (pais, avôs, padrastos, tios, irmãos mais velhos, padres, pastores evangélicos…).”
EU:
Em novembro de 2008, a freira polonesa Tobiana Sobodka, que durante 20 anos serviu ao papa João Paulo 2, revelou aos encarregados de recolher elementos que levem à beatificação do cidadão Karol Wojtyla que o pontífice tinha o hábito de se autoflagelar.
A informação foi oficializada em “Santo Súbito”, livro lançado nesta semana pelo postulador da causa da beatificação, o monsenhor Slawomir Oder, que escreve o seguinte:
“No seu armário, no meio das batinas, o papa tinha sempre um cinto, que usava como meio de castigo e que levava sempre para a residência de Verão em Castel Gandolfo”.
O sumo pontífice faria isso para “expiar os seus pecados”.
Ora, ora, quem diria!
Além de notório misógino e homófobo, o padre polonês era também um tarado sexual, um sadomasoquista, um sujeito de mentalidade medieval!
Agora consigo examinar sob outra luz aquele trecho famoso da carta anual que João Paulo escreveu aos padres, em 1986:
“O que temos de ver nestas formas de penitência – às quais, infelizmente os nossos tempos não estão habituados – são os motivos: amor a Deus e a conversão dos pecadores”.
Ou seja, o “Deus do Amor” de João Paulo 2 é um Deus supersticioso e cruel que exige a dor física como forma de redenção, que só vê culpa e sofrimento, que converte pecadores na base do escambo, que parou na época das Cruzadas e que em nada difere do Deus adorado pelos radicais do Hamas e do Hezbollah.
E é esse tipo de gente equilibrada que quer nos dizer como os homossexuais devem ser tratados, se as mulheres têm direito ao aborto ou se devemos ou não aceitar os avanços da ciência.
Sei.
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