E eis que o primeiro dia da nova década já se foi...Andamos quilometros pela Lagoa Rodrigo de Freitas e houve muito tempo para meditações diante da tão sempre espetacular natureza. O Cristo se revelava de qualquer ângulo num céu de impoluto azul. O mesmo já não se pode dizer da Lagoa...Tanta sujeira, tanto restos humanos...O meu melhor achado nesse lixaral foi uma garrafa de chandon vazia... Pode não dizer nada, mas diz muito. Beber chandon é chique e até divino para alguns...Mas a garrafa vazia, largada numa calçada diz muito mais...Não foi um momento que passou, mas uma vida, uma história...A garrafa vazia talvez signifique o passado...O nectar sorvido com certeza uma comunhão, um compromisso com a esperança de um futuro promissor, ao menos até que a finitude bata à porta. Engraçado essa coisa da finitude. Ninguém aceita...Mas de nada adianta. Verdade seja dita, tudo tem seu prazo de validade, mas no meu caso, é certeza plena que estou é longe de ser abandonado como uma garrafa de chandon vazia! Eu aqui falando em vinho caro, mas também deparei-me com garrafas de cachaça das mais ordinárias, vodca vagabunda e latas de cerveja...A sujeira dos dias! Frutas e restos de comida. Lembro-me a filosofar que quando o corpo processa tudo, a excreção há de ser feita pelas mesmas vias em todos os viventes e um champanhe caro ou a comida do restaurante da moda não sairão com perfume diferente nos que comeram a farofa trazida do suburbio para o fogaréu de Copacabana!!! O que esse povo faz depois que os fogos se apagam? Imagino o desespero da volta para casa...Enfim, que se lhes faça valer o brilho da esperança em dias melhores. Há quem acredite que eles sempre virão! Tenho dito...
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