Dividir esse filme em duas partes me fez ver tudo dobrado…
Finalmente, a espera acabou. Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 chegou aos cinemas e, é claro, o Nerdices vai contar (quase) tudo o que você pode esperar do mais novo filme da saga. Depois de tanta espera, a gente decidiu conferir o filme três vezes, em ocasiões totalmente diferentes, para medir a reação das pessoas. Já adiantamos que o longa está cheio de informações e detalhes dos filmes anteriores, além do próprio desenvolvimento da trama. E é por isso que, assim como Voldemort e suas Horcruxes, decidimos dividir a “alma” de Relíquiasem sete partes únicas, independentes e significativas. Vamos lá?
Fiéis do segredo
Relíquias da Morte – Parte Um é , decididamente, um dos filmes mais fiéis em toda a série. Mais do que diálogos integralmente copiados dos livros – que aparecem o tempo todo durante o longa -, o espírito das páginas escritas por J. K. Rowling parece imprimido em cada frame do filme (e isso inclui até piadinhas que fazem todo o sentido em inglês e pouco em português). Isso não quer dizer que o roteiro seja exatamente igual ao sétimo livro. Certas cenas foram criadas para reforçar os laços de amizade entre Harry, Rony e Hermione (e causar gritos de fãs no cinema, é claro). Ainda assim, não parecem incomodar tanto quanto as alterações de filmes anteriores. Em Relíquias – Parte Um, somos levados a acreditar que o desfecho da série será melhor adaptado do que o restante, que pode ser uma vantagem do corte entre os filmes.
Os melhores personagens
Dobby rouba a cena. O elfo doméstico gente boa – e que parece ter rejuvenescido uns bons anos nesse último filme – não é apenas um dos heróis do longa, como também o responsável por gargalhadas e lágrimas de uma plateia mais sentimental. Em Relíquias – Parte Um, alguns dos melhores personagens de Rowling ganham destaque, como Olho-Tonto Moody, Luna Lovegood (e seu pai, Xenofílio), Lúcio Malfoy e, é claro, Severo Snape. Também somos apresentados a personagens importantes como Batilda Bagshot, antiga amiga de Dumbledore, Rufus Scrimgeour, o novo Ministro da Magia, e Gui Weasley, o irmão mais velho de Rony. Mas vale o aviso: a infinidade de personagens novos que aparecem no último longa – em especial os Comensais da Morte – podem deixar perdidos os espectadores mais distraídos.
Só tem no livroEm certos momentos do filme, compreender integralmente uma cena pode ser um certo desafio para os espectadores que acompanham apenas os filmes de Harry. Em vários momentos, o protagonista é flagrado olhando intensamente para um caco de vidro que fazia parte do espelho que seu padrinho, Sirius Black, entregou a ele antes de morrer. Para os fãs, essa patrulha faz todo o sentido, já que Harry acredita enxergar o olho de Dumbledore diversas vezes no vidro e pede ajuda, mas esse objeto mágico foi cortado de seu filme original, Harry Potter e a Ordem da Fênix. Esse e outros detalhes – talvez não tão importantes quanto o espelho – foram estrategicamente colocados para agradar os fãs de longa data da saga.
Só na risada
Apesar do clima sombrio de perseguição – afinal, Harry precisa destruir Voldemort e suas Horcruxes -, Harry Potter e as Relíquias da Morte consegue ter momentos realmente divertidos . O humor fica, em geral, por conta de Rony Weasley, que deixou de ser apenas o alívio cômico do grupo para assumir o papel de rebelde e herói em certos momentos. Contudo, descobrimos também que Dobby e Harry têm veias cômicas promissoras.
Mudança de aresEm Relíquias – Parte Um, o mais perto que chegamos de Hogwarts é o trem vermelho que transporta os alunos até a escola de magia. Harry, Rony e Hermione atravessam florestas, desertos e montanhas geladas para se esconder de Voldemort e encontrar as Horcruxes. A mudança de ares pode ser bastante agradável em alguns momentos – a cena que acontece na floresta congelada do Deão, por exemplo, é bastante bonita -, mas também é cansativa e um tanto quanto longa, exatamente como no livro. A cada novo território, somos lembrados de que Harry e seus amigos estão sendo vigiados e seguidos a todo momento, mas essa busca não é amenizada por conta de sua importância. A facilidade com a qual os Comensais da Morte encontram Harry deve ser explicada em Relíquias da Morte – Parte Dois.
Não tente enganar a morte
A moral da história do Conto dos Três Irmãos, de Beedle o Bardo, parece rondar a primeira parte do fim da história de Harry. A ameaça da morte – muito mais palpável do que a de Voldemort – está em todo lugar em Relíquias: dentro das Horcruxes, na frequência do rádio, nas conversas, no Ministério da Magia e, é claro, no círculo de amigos e aliados do garoto. Na primeira parte do longa, três mortes significativas dão o tom de que muito mais vem por aí – e se Harry tem dificuldade em compreender isso, Rony e Hermione sentem muito mais a perda. Ao contrário que sugere o conto onde aparecem as Relíquias da Morte - os instrumentos mágicos que Voldemort busca, em especial a Varinha das Varinhas -, enganar a morte pode ter consequências graves.
Fim de ciclos
Relíquias da Morte – Parte Um abusa do recurso de blacks e cortes de cena. A impressão que fica é que este é o filme com o maior número de ciclos que se encerram em si mesmos. Quem acompanha os filmes da saga percebe que um mesmo mistério se arrasta por todo o longa (e livro) para que as respostas sejam mostradas no final. No caso de Relíquias, é óbvio que muitas questões levantadas serão resolvidas apenas na segunda parte da trama, daí a preocupação com despedidas e encerramentos. É o caso, por exemplo, da descoberta de Harry sobre Batilda Bagshot ou então o abandono regular de cada local onde ele e seus amigos acamparam.
De certa forma, ainda que não seja o fim, é claro que o clima de despedida da série é palpável. Ao que parece, Harry ainda não está preparado para o confronto final com Voldemort, mesmo que esteja se dedicando exclusivamente a ele. Podemos esperar um grande amadurecimento do garoto no último filme da saga, depois do intenso treinamento (que envolve perdas e sacrifícios, mas também laços de amizade indestrutíveis) que é Relíquias da Morte – Parte Um.
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