Wednesday 29 June 2011

BEING A WINNER IN LIFE...


27/06/2011 - 08h25


Cientistas explicam um dos segredos do sucesso


Foi divulgado no mês passado, em uma das principais universidades americanas (Duke), um estudo que dá uma nova visão sobre um dos segredos do sucesso. A julgar pela repercussão, as descobertas vão influenciar a educação no mundo. O estudo revela que, mais importante que a inteligência, o sucesso profissional está associado à habilidade do autocontrole, ou seja, saber gerenciar impulsos e lidar com as frustrações (o detalhamento desse estudo está no www.catracalivre.com.br).

Essas descobertas são baseadas em observações de 30 anos em crianças (algumas delas gêmeas) que demonstraram autocontrole, mantendo o foco no que é relevante. Viram que, além das notas melhores, elas, quando adultas, tendiam a ter mais sucesso profissional, a cuidar melhor da saúde e a ficar longe das drogas e do abuso do álcool.

Há um componente genético, afirmam os cientistas. Mas, segundo eles, é algo que, em parte, pode ser treinado. Justamente por isso, escolas nos Estados Unidos estão usando técnicas para desenvolver o autocontrole em crianças a partir dos 3 anos de idade, com resultados positivos pelo menos do ponto de vista acadêmico.

Afinal, manter o foco no estudo, ainda mais numa era tão dispersiva, exige saber lidar com a frustração.
Gilberto Dimenstein
Gilberto Dimenstein, 53 anos, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha.com às segundas.

Wednesday 22 June 2011

IS BRAZIL THE NEW SHANGRILÁ?


Crise na Espanha empurra imigrantes latino-americanos para o Brasil

Passageiros forma fila para check-in em aeroporto

  • Passageiros forma fila para check-in em aeroporto
    Anelise Infante
    Em Mad

  • Entre 2003 e 2007, a Espanha recebeu dezenas de milhares de imigrantes, mas a crise econômica que persiste no país está alterando o fluxo migratório. Sem emprego no presente e sem perspectivas para o futuro, os estrangeiros procuram saídas em outros lugares. E o Brasil virou meta para os latino-americanos de baixa formação.

    De acordo com quatro relatórios que investigam as respostas dos imigrantes diante da crise, o Brasil aparece entre os três destinos preferidos de sul-americanos hispânicos (junto com Estados Unidos e Argentina) como opção para conseguir emprego.

    Uma pesquisa da agência de empregos Randstad revelou que 65% dos imigrantes ilegais na Espanha estão pensando ou decididos a trocar a Europa por outro mercado se não encontrarem trabalho até 2012.

    Os estudos antecipam um fluxo que já pode ter começado. Em 2010, pela primeira vez nos últimos 35 anos, a Espanha registrou uma taxa de saída de população ativa maior do que a de entrada.

    No ano passado, 48 mil imigrantes chegaram e 43 mil estrangeiros retornaram aos seus países de origem, mas 90 mil espanhóis também foram morar no exterior.

    O ritmo de redução é tão vertiginoso que em cinco anos o fluxo de chegada pode ser praticamente nulo. Pelas previsões da Fundação de Estudos de Economia Aplicada, se a crise se mantiver como agora, em 2014 chegariam apenas 3 mil imigrantes.

    Saídas

    Josep Oliver, professor de economia da Universidade Autônoma de Barcelona e um dos autores do Anuário de Imigração da Espanha, do Ministério do Interior, disse à BBC Brasil que "80% dos imigrantes não têm outras saídas além do aeroporto rumo a mercados com melhores opções, como o Brasil, que oferece oportunidades sólidas".

    A pesquisa Mobilidade Laboral, da Randstad, indica que a Espanha perdeu interesse para o trabalhador estrangeiro de baixa formação.

    A razão é o perfil destes imigrantes, cujos currículos se limitam a ofícios relacionados a áreas que não se reativam, como serviços e construção.

    O setor de construção foi precisamente o que detonou a crise de desemprego. De 2008 a 2010 quebraram mais de 200 mil empresas do ramo, que davam trabalho a 70% dos imigrantes sul-americanos, segundo dados oficiais.

    Os estrangeiros entrevistados na pesquisa responderam que querem sair da Espanha, mas temem crises políticas e econômicas na América Latina e só vêem bonança financeira no Brasil, onde criticam a falta de segurança pública.

    Mais ainda assim estão convencidos de que se não encontrarem emprego até 2012, o caminho é o aeroporto. Estados Unidos, Brasil ou Argentina, na ordem dos mais votados.

    Alta formação

    O Brasil também aparece como opção para espanhóis de alta formação.Um estudo elaborado pela consultora Adecco e pela Universidade de Navarra indica que os espanhóis com alto grau de formação e que também foram atingidos pela crise colocam o Brasil como um dos seis destinos preferidos para emigrar por emprego.

    O mercado brasileiro é visto como opção para 55% dos entrevistados, junto com Alemanha, França, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Argentina.

    O perfil médio dos interessados em cruzar o Atlântico é de homens, entre 25 e 35 anos, com formações em engenharia, arquitetura, informática, medicina, biologia e investigação científica.

    "Que engenheiro ou arquiteto não quer ir para o Brasil, de olho nas obras de infraestrutura? Está tudo por fazer, e agora há também recursos, referências de empresas espanholas já estabelecidas e a abertura ao (idioma) espanhol", disse à BBC Brasil o professor de Economia da Universidade de Navarra Sandalio Gómez, autor do relatório apresentado em janeiro.

    "Essas pessoas entendem que insistir aqui é uma perda de tempo. O Brasil cresce a uma velocidade que nenhum país da Europa pode se comparar", concluiu.

    Os dados do Instituto Nacional de Estatística confirmam a tendência. Até janeiro de 2011, havia 1,8 milhão de espanhóis morando em outros países; 92.260 no Brasil, um aumento de 10.071 pessoas em um ano no território brasileiro.

    Problemas

    Mas, apesar das oportunidades, o país perde para outros destinos em vários quesitos.

    Os entrevistados da pesquisa ressaltam insegurança, falta de serviços públicos de qualidade, instabilidade econômica e jurídica para quem quer criar um negócio próprio e a distância de seus lugares de origem como barreiras a levar em consideração.

    O governo espanhol reforça estas conclusões. A diretora-geral do Departamento de Emigração, (que estuda as condições dos espanhóis em outros países), Pilar Pin, define como impedimentos as carências nos sistemas de seguro-desemprego, rede púbica de saúde e educação e a legislação trabalhista.

    Em um relatório oficial apresentado em maio depois de uma visita a Brasília, Pin afirmou que o Brasil tem "enorme potencial com seus iminentes eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, além de obras para abastecimento de energia, proteção ambiental e turismo".

    Apesar disso, o relatório observa: "A legislação de implantação de empresas no Brasil é restritiva demais. Nossos trabalhadores vão com licença de obra. No final do contrato encontram muitas dificuldades para estabelecer-se por conta própria".

    Mesmo assim, segundo o relatório, as autoridades brasileiras calculam que faltam 1,9 milhão de profissionais de alta qualificação. Uma lacuna que os espanhóis poderiam ocupar.

Monday 13 June 2011

MAKING DIFERENCE ON THE INTERNET!


Salman Khan - Some Cool Photoshoots of Salman
Renata Betti, Revista VEJA


O extraordinário sucesso de um jovem matemático do MIT mostra como a internet pode ser uma poderosa ferramenta para o ensino - e revolucionar a maneira como as pessoas assimilam conhecimento - Renata Betti

Diante de uma plateia formada por alguns dos mais bem-sucedidos empresários do Vale do Silício, na Califórnia, o americano descendente de indianos Salman Khan, 34 anos, recebeu aplausos especialmente efusivos vindos de um canto do auditório. O espectador mais entusiasmado era Bill Gates, fundador da Microsoft. que subiu ao palco para dizer que o jovem à sua frente estava dando uma contribuição decisiva para a utilização da internet na educação. Formado em matemática. ciência da computação e engenharia elétrica pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Sal, como ficou mais conhecido, é o fenômeno atual da internet, digamos, séria. O site da Khan Academy (www khanacademy. org) está chegando rapidamente aos 60 milhões de acessos de pessoas interessadas em assistir gratuitamente a algumas de suas mais de 2000 aulas. Elas duram de dez a vinte minutos, tempo em que Sal explica de maneira milagrosamente simples fenômenos complexos de quarenta áreas do conhecimento. São aulas cujos temas variam do cálculo da hipoteca de um imóvel à diferença entre os vírus e as bactérias ou que ensinam como os materiais radioativos se desintegram.Sal usa apenas sua voz e um mouse pad. com que escreve ou desenha os símbolos necessários para se expressar. O nível de dificuldade vai dos primeiros anos do ensino fundamental, abrangendo operações básicas de soma e subtração. ao MBA. Com lições sobre venture capital e as flutuações no preço do ouro.Diz Sal: "Meus professores eram enfadonhos. Dou aulas como as que gostaria de ter tido".À primeira vista. suas aulas não parecem exatamente atraentes. Na tela do computador, surge a reprodução de uma lousa preta, e ao fundo se ouve o timbre grave da voz de Sal. Um de seus méritos reside em dirigir-se aos estudantes em uma linguagem didática e compreensível. Outro é oferecer a seus seguidores desafios constantes. Só passa ao nível seguinte quem acerta pelo menos dez exercícios consecutivos, propostos ao cabo de cada lição. O próprio ambiente virtual (ainda que. nesse caso, sem uso de grandes recursos tecnológicos) funciona por si só, como um poderoso chamariz para as crianças e os jovens que ali navegam. Cada um aprende no seu tempo, repetindo a explicação quantas vezes julgar necessário. "A internet estimula a apreensão de informações de forma autodidata e exerce um magnetismo sobre as novas gerações que não pode mais ser desprezado pelos educadores", observa José Armando Valente. do núcleo de informática aplicada à educação da Universidade Estadual de Campinas.A estreia das aulas de Sal na rede deu-se em 2006, de maneira despretensiosa. Na época. ele trabalhava como analista do mercado financeiro e era frequentemente requisitado pelos três primos - de idade entre 10 e 12 anos - para que lhes tirasse duvidas de matemática. Como eles moravam em cidades diferentes. Sal teve a ideia de começar a produzir, de casa mesmo, vídeos com explicações bem curtas. em estilo já bastante parecido com o das aulas atuais. Punha o material na web via YouTube. Para seu espanto, não apenas os primos mas muitas outras pessoas passaram a acompanhá-lo.Foi em 2009. já com acessos na casa dos milhões e uma vultosa poupança. que Sal deixou o emprego em um fundo de investimemo para dedicar-se exclusivamente ao que se tornara a Khan Academy. Sem fins lucrativos. virou um negócio que ele mantinha apenas com dinheiro próprio até receber um inesperado telefonema de Bill Gates. O fundador da Microsoft foi direto ao ponto: contou que os três filhos. e ele próprio. eram seus "seguidores incondicionais"- e doou à Khan Academy 1.5 milhão de dólares. A revista americana Formne, Gates disse: "Morro de inveja desse cara. Não consigo ensinar meus filhos como ele faz" Outra doação veio do Google. que destinou 2 milhões de dólares ao matemático. para que seu site fosse traduzido para pelo menos dez línguas. inclusive português - com prazo até 2012. Parte dos vídeos já recebeu traduções amadoras. que circulam na rede em blogs e sites de estudantes e professores.O sucesso de Salman Khan é a prova de que o ensino pela internet tem um potencial que ainda não foi utilizado como poderia. Os especialistas atribuem o uso precário que se faz da web na educação ao despreparo dos professores. Alguns dos exemplos de sucesso obtidos em diversas partes do mundo ocorrem quando os mestres vencem suas próprias barreiras e inibições e passam a se sentir mais à vontade no ambiente da internet. Em escolas do Japão ou da Coreia do Sul, os alunos são encorajados a ficar conectados, engajando-se em debates on-line ou fazendo experimentos científicos na rede -- em que cada um seja responsável por uma etapa do projeto. No Brasil, o colégio Integral, de Campinas, ainda em regime experimental, distribuiu tablets a estudantes do ensino médio. Os alunos agora discutem geopolítica em rede e compartilham seus esforços na resolução de problemas. Eles foram apresentados às aulas on-line de Sal na Khan Academy. "E uma tentativa de despertar a atenção de jovens que perderam o interesse pelo aprendizado da forma como ele 6 apresentado pela escola - uma instituição que parou no tempo", avalia o diretor Ricardo Falco.Sal Khan guarda um traço comum a jovens que, como ele, acumularam dinheiro e desfrutaram certa notoriedade muito cedo: a excentricidade. Toma apenas uma refeição diária ("como os animais que vivem no zoológico") e faz reuniões de trabalho enquanto se exercita correndo pelas ruas da cidade de Mountain View, na Califórnia, onde mora. "A lógica de Sal é sempre fazer no mínimo duas coisas ao mesmo tempo, com uma empolgação quase infantil". define o amigo Ariel Poler, 44 anos, fundador de cinco empresas de internet - uma delas vendida à Microsoft. Só recentemente Sal, casado com uma médica e pai de um menino de 2 anos, abandonou um cômodo acanhado de sua casa e instalou sua fundação educacional sem fins lucrativos em uma sala comercial. Contratou sete funcionários. mas ele próprio continua sendo o único responsável pelas aulas invariavelmente ministradas na lousa digital. Ele trabalha oito horas diárias, além daquelas dedicadas a estudar assuntos em que não é especialista - caso da Revolução Francesa, cuja origem é explicada por Sal como o resultado esperado da coexistência de uma maioria de pessoas que trabalham, passam fome e ainda têm de sustentar com impostos alguns poucos "parasitas esnobes que se concedem títulos pomposos".

HOMOSAPIENS or NEANRDHETAL?


Os seres humanos não são apenas animais mais inteligentes

Prospect
Raymond Tallis*



Nem todas as ideias erradas são dignas de se contestar. Existem algumas, porém, que não podem ser ignoradas. Aquelas que interpretam erroneamente questões de suprema importância, ou atrapalham nosso pensamento sobre elas, ou têm sérias consequências, devem ser discutidas.
Uma dessas ideias é a de que os seres humanos são essencialmente animais; ou no mínimo muito mais animalescos do que havíamos pensado. Ela leva a alegações de que somos apenas macacos inteligentes, de que nossas mentes não passam de sinais elétricos no cérebro.
Existem inúmeras manifestações desse "biologismo". Ele é explicado em milhares de livros e artigos sobre a chamada neuroestética, teoria dos memes, neurodireito e em abordagens neuroevolucionistas da política e da economia. Seus defensores afirmam, por exemplo, que somos capazes de compreender melhor a arte visual rastreando o cérebro para estudar sua reação, ou que a criminalidade é melhor explicada por um desequilíbrio entre os lobos frontais e o corpo amigdaloide.
Passei mais de 30 anos argumentando contra o biologismo, e recentemente escrevi "Aping Mankind: Neuromania, Darwinitis and the Misrepresentation of Humanity" ['Macacando' a humanidade: Neuromania, darwinite e a representação errônea da humanidade]. A principal suposição que sustenta o biologismo é que os seres humanos são essencialmente organismos, em vez de pessoas. Para realmente compreendê-los, diz a teoria, é preciso admitir que eles não são agentes conscientes, mas pedaços de matéria viva sujeitos às leis da biosfera.
O biologismo tem duas correntes, que eu chamo de neuromania e darwinite. A neuromania se baseia na crença de que a consciência humana é idêntica à atividade cerebral. Existem, é claro, correlações entre a atividade cerebral e aspectos da consciência. Estas podem ser demonstradas observando-se que partes do cérebro se "acendem" quando os sujeitos relatam determinadas experiências. No entanto, isso não quer dizer que a atividade neural é uma causa suficiente desses aspectos da consciência: que, por exemplo, os eventos vistos no córtex orbitofrontal quando vemos um objeto bonito sejam toda a causa de nossa experiência da beleza, e ainda menos que eles sejam nossa experiência da beleza.
Na verdade, não há uma explicação neural concebível de muitos aspectos da consciência humana. Um registro de impulsos neurais não pode explicar a simultaneidade e multiplicidade de um momento. Estou consciente, por exemplo, da tela do computador à minha frente, das letras que se espalham por ela, da luz do sol lá fora e de pássaros cantando. Essas coisas são experimentadas separadamente, e no entanto como pertencentes a um único momento presente. Este muitos-em-um é uma noz muito mais dura de quebrar do que o mistério da Trindade.
Mais importante ainda, a atividade neural não oferece explicação sobre a fonte da "referencialidade": a qualidade essencial da consciência, que significa que minhas percepções, crenças e esperanças se referem a algo diferente de impulsos neurais. A referencialidade dos conteúdos da consciência - que os filósofos tradicionalmente chamam de "intencionalidade" - é plenamente desenvolvida nos seres humanos, que são conscientes de si mesmos como separados de seus mundos de objetos, signos e conceitos. E a intencionalidade é a origem última da esfera humana: a comunidade de mentes, tecida por um trilhão de apertos de mão cognitivos ou atenção compartilhada, dentro da qual nossa liberdade opera e nossas vidas narradas são conduzidas.
O outro pilar do biologismo - a darwinite - também decorre do erro de identificar a mente com o cérebro. Se o cérebro é um órgão que evoluiu para otimizar as probabilidades de sobrevivência, segundo essa teoria, a mente também é. A darwinite, consequentemente, confunde a evolução biológica da espécie com o desenvolvimento de nossa cultura. A teoria da evolução descreve os processos da seleção natural que sem dúvida deram origem ao Homo sapiens. Mas é errado concluir que se aceitarmos essa teoria também teremos de procurar uma explicação evolucionista da gênese e da forma da cultura humana.
Mas a darwinite é ainda mais vulnerável a ataques que a neuromania. Veja a diferença entre uma hora de vida animal e uma hora de vida humana. Admito que apreciar a diferença é mais difícil quando falamos em linguagem que animaliza o comportamento humano e humaniza o comportamento animal. Daisy, a vaca, bate em um arame elétrico e a partir de então o evita. Eu decido que quero melhorar minhas chances na vida, então me matriculo em um curso que começa no ano que vem e contrato uma babá para que eu tenha mais tempo para estudar. Tanto Daisy como eu podemos ser descritos como praticantes do "comportamento aprendido", mas isso oculta diferenças profundas. Estas incluem meu complexo sentido de tempo e o fato de que estou lidando com estruturas e hábitos abstratos. Nós conduzimos nossas vidas, regulando-as por narrativas compartilhadas e individuais, enquanto os animais meramente as vivem.
Muitas pessoas acreditam que o biologismo decorre inevitavelmente da teoria evolucionista. As pessoas muitas vezes pensam que sou um criacionista ou um prosélito de alguma religião. Para constar, sou um ateu humanista, um médico e neurocientista para quem a ciência é nosso maior monumento intelectual. Sou um agnóstico ontológico, não um dualista cartesiano. Só porque eu nego a identidade da mente com a atividade cerebral, não significa que eu considere a mente como um fantasma no maquinário do cérebro.
Acredito que há muito trabalho a ser feito para dar sentido a um mundo que contém objetos materiais como seixos ou cérebros e itens mentais como pensamentos e experiências. Não aceito que a única alternativa a um relato sobrenatural da humanidade seja um naturalista. Entre o nascimento e a morte, habitamos uma comunidade de mentes, um mundo humano que vai além da natureza, onde podemos conscientemente usar o que aprendemos sobre as leis da natureza para fins não pretendidos na biosfera.
Isto levanta perguntas sobre como chegamos a ser tão diferentes, onde se situa a mente humana no universo material e quais são os limites de nossa capacidade de nos transformarmos. Se rejeitarmos a ideia de que a atividade neural é idêntica à consciência, como deveremos entender o papel central que o cérebro tem em nossa vida consciente? Mas não faremos progresso com essas perguntas enquanto pensarmos que já as respondemos. Em particular, enquanto ignorarmos os aspectos irredutivelmente relacionais da consciência humana - sua referencialidade, sua participação na comunidade de mentes, em que sujeito e objeto são parceiros inseparáveis -, ficaremos pendentes de perguntas estéreis sobre onde ela se localiza, senão no cérebro.
O biologismo também importa porque defende uma concepção degradada da humanidade. Não é histeria sugerir que relatos de pessoas como organismos vorazes, dominados por imperativos biológicos dos quais não têm consciência, poderiam se autorrealizar.
Enganos que têm uma aceitação tão ampla quanto os que acabei de descrever não poderiam ficar sem consequências. Eles impedem nosso caminho para melhores respostas, para o que somos e para uma melhor compreensão de nossa relação com o mundo físico que nos cerca.
*Raymond Tallis foi eleito "fellow" da Academia de Ciências Médicas por sua pesquisa sobre acidente vascular-cerebral e epilepsia?
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Tuesday 7 June 2011

S O S EARTH!


O planeta é capaz de suportar mais dois EUA?


International Herald Tribune

Chandran Nair*
George El Khouri Andolfato


Planeta não tem condições de abrigar o desenvolvimento econômico nos mesmos moldes que vêm sendo adotados até agora
Planeta não tem condições de abrigar o desenvolvimento econômico nos mesmos moldes que vêm sendo adotados até agora.

Tente imaginar um mundo com mais três Estados Unidos. Três potências econômicas gigantes, com cidadãos que compram, vendem e consomem, tudo na busca de suas versões do Sonho Americano. Difícil imaginar? Mas é nesta direção que os economistas dizem que estamos seguindo.

O amplo consenso é de que a China superará os Estados Unidos para se tornar a maior economia do mundo em duas décadas. E em 2050, a Índia será igualmente grande.

Essa perspectiva empolga muita gente –as do mundo dos negócios acima de tudo, mas também os governos asiáticos. Após décadas de trabalho árduo e luta, centenas de milhões estão à beira da abundância da classe média.

De acordo com as tendências atuais, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional esperam que o produto econômico global cresça entre seis e sete vezes entre 2005 e 2050. Desse modo, o PIB total da Ásia cresceria dos cerca de US$ 30 trilhões atuais para cerca de US$ 230 trilhões.

Esse é um número impressionante. Mas ele é realmente desejável –ou mesmo possível?

Se aos Estados Unidos se juntarem duas outras massas econômicas tão grandes (ou mesmo maiores, já que segundo as tendências atuais a economia americana triplicaria em tamanho até a metade do século), nosso planeta se tornará inimaginavelmente estressado.

Nós já ultrapassamos a capacidade regenerativa do planeta, mas isso não costuma ser computado em projeções econômicas sobre o crescimento.

Veja o exemplo da energia. Se os chineses e indianos usarem tanta energia per capita quanto os americanos, o consumo total de energia deles seria 14 vezes maior do que o dos Estados Unidos.

Mesmo se os asiáticos se restringirem ao menor uso de energia dos europeus, eles ainda assim consumiriam de oito a nove vezes mais energia que os Estados Unidos atualmente.

Independente do modo como olhemos, o mundo não pode suportar tamanho crescimento do uso de energia. As formas convencionais de geração de energia produziriam carbono em tamanho volume que nosso planeta estaria condenado a uma mudança climática inimaginável, enquanto as alternativas –até mesmo a energia nuclear– simplesmente não são viáveis dentro dos prazos mencionados.

Ou veja o exemplo dos carros. As estimativas sugerem que se a China, Índia e outros países em desenvolvimento atingirem o mesmo nível de propriedade de automóveis do Ocidente, o número de carros poderia chegar a 3 bilhões no mundo, quatro vezes o total atual, em quatro décadas. De onde viria o combustível para esses veículos e qual seria seu impacto ambiental?

Cálculos semelhantes podem ser feitos para tudo, de frangos a iPads. Colocando de modo simples, este mundo não possui o suficiente para mais dois Estados Unidos movidos pelo consumo.

Políticos, economistas e empresários permanecem em negação, usando a muleta da tecnologia, do livre mercado e das finanças para gerar mensagens de inovação e esperança. Mas esperança não é um plano.

Os governos asiáticos devem rejeitar as visões tacanhas daqueles que pedem para que os asiáticos consumam incessantemente –seja por economistas e líderes ocidentais, que desejam que a região se transforme em um “motor de crescimento” e assim reequilibrar a economia mundial, seja por governos asiáticos, convencidos de que economias em expansão constante são o que suas populações precisam.

Isso não é o mesmo que sugerir que as pessoas permaneçam pobres. Também não é um argumento contra o desenvolvimento econômico. Em vez disso, é um pedido para moderação no consumo, canalizado de modo a não aumentar a demanda da base de recursos; não esgotar ou degradar nosso meio ambiente; não produzir mais emissões e poluentes, e nem colocar em risco o sustento e saúde de milhões.

Para que a Ásia obtenha prosperidade para a grande maioria de sua população, os países da região devem encontrar formas alternativas de promover o desenvolvimento humano e econômico. O que a Ásia deve priorizar são incentivos que recompensem atividades “mais é menos” –aquelas que, diferente da anterior, não desvalorizem recursos nem externalizem seus verdadeiros custos. Isso seria um afastamento do capitalismo extremo atual, um remodelo que atenda às necessidades de um século 21 saturado.

Esses incentivos precisam ser poderosos. De novo, considere a China. Para que atinja sua meta de ser “moderadamente próspera” até 2050, com um PIB per capita real de aproximadamente quatro vezes o número atual, ela estima que teria que promover um aumento de sete vezes na eficiência do uso de recursos. A Índia está diante do mesmo desafio. Independente da natureza da política, ambas precisarão de uma intervenção forte e ousada do governo, especialmente contra os interesses adquiridos. Essas medidas precisariam ser complementadas por regras draconianas, restringindo o consumo de uma série de produtos, particularmente combustíveis fósseis, pesca e produtos florestais.

Grandes investimentos em infraestrutura pública também seriam necessários para dar às pessoas o transporte, água e saneamento, saúde e educação que muito necessitam. A segurança alimentar e a segurança além da agricultura industrial devem ser uma prioridade.

Adotar um panorama que coloque a gestão de recursos no centro de todas as políticas não será fácil para a Ásia, especialmente em sociedades que foram instruídas nas últimas décadas que a prosperidade só pode vir por meio das formas convencionais de crescimento econômico movido pelo consumo.

Mas se os governos da região puderem se erguer à altura deste desafio, serão aqueles que tomam decisões em Pequim, Nova Déli e Jacarta que determinarão se nosso mundo terá um futuro –e não, como tem sido o padrão nos últimos dois séculos, as capitais da Europa e dos Estados Unidos.

(Chandran Nair é fundador e presidente-executivo do Instituto Global para o Amanhã, um centro de estudos pan-asiático, e autor de “Consumptionomics: Asia’s role in Reshaping Capitalism and Saving the Planet”.)

Tradução: Em Hong Kong (China)

Thursday 2 June 2011

IT USED TO BE THE BEST...


USP muda regras da Fuvest e vestibular 2012 fica mais difícil.

Thiago Minami
Em São Paulo


A USP (Universidade de São Paulo) definiu mudanças no vestibular 2012, elaborado pela Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular). As alterações nas regras devem deixar o processo mais difícil. As decisões foram tomadas na manhã desta quinta-feira (2) em reunião do Conselho de Graduação da USP, com representantes de 42 unidades. O conselho permanece reunido até o final da tarde.

Conselho da USP aprova mudanças na Fuvest

Como era o vestibularComo será a partir de hoje
Nota da 1ª fase não é considerada no resultado finalNota da 1ª fase será aceita no resultado
Nota mínima de corte da 1ª fase é 22Nota mínima da 1ª fase passa para 27
Segundo dia da 2ª fase tem 20 questõesSegundo dia da 2ª fase terá 16 questões
Na 2ª fase, cursos convocam 3 candidatos por vagaNa 2ª fase, cursos vão convocar de 2 a 3 candidatos por vaga
Não é permitido mudar de opção de carreiraA partir da 3ª chamada, será possível mudar de carreira
No próximo vestibular, a nota da primeira fase terá peso na nota final do candidato -- anteriormente, ela era considerada apenas para selecionar o candidato da segunda fase.
A nota mínima de corte subirá de 22 para 27 pontos; de dois a três candidatos podem ser aprovados para a 2ª fase – antes eram três. Caso não seja convocado após a 3ª chamada, o candidato poderá mudar de carreira.
No segundo dia da segunda fase, a prova terá 16 questões – antes eram 20 . Nessa prova, são cobrados conhecimentos do núcleo comum de conhecimento do ensino médio: história, geografia, matemática, física, biologia e inglês e as questões podem abranger mais de uma disciplina.

Polêmica

As mudanças já haviam passado por outras duas outras rodadas de discussões este ano no conselho antes da aprovação final. Representantes discentes apontaram que o vestibular, um dos mais difíceis do país, se tornaria ainda mais "elitizado".
Outro ponto questionado é a mudança de carreira a partir da 3ª chamada. Aqueles que elegeram um curso como 1ª opção terão prioridade sobre os outros? Itens como esse ainda serão discutidos em outras instâncias. 

Bônus

Além dessas mudanças, o conselho já tinha aprovado um aumento no bônus nas notas dos estudantes de escolas públicas de 12% para 15%. Esse acréscimo depende do desempenho do candidato em duas provas do vestibular da 1ª fase da Fuvest durante o segundo e o terceiro ano do ensino médio.
Atualmente, o vestibular da Fuvest é formado por uma primeira fase, com 90 questões de múltipla escolha, e uma segunda fase com três dias de provas dissertativas e redação.
Os interessados em fazer a Fuvest devem se inscrever pela internet, entre os dias 26 de agosto de 2011 e 9 de setembro. A primeira fase será realizada no dia 27 de novembro e a lista dos convocados e dos locais de exames da segunda fase será divulgada no dia 19 de dezembro.

As provas da 2ª fase serão nos dias 8, 9 e 10 de janeiro de 2012. A primeira chamada será publicada no dia 4 de fevereiro, com matrículas nos dias 8 e 9 do mesmo mês.

Matrícula na USP: veja fotos do tradicional trote da Poli

Foto 19 de 55 - A água, neste caso, não é para limpeza. Calouros assistem a trote de colegas na Poli-USP Mais Aline Arruda/UOL

UOL Celular

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I am one of those guys with a fat address book - maybe because all my friends tell I'm charming and clever! But as far as I´m concerned, friendship is a club of seven people which was fully by the time I was 25. We all share the same interests, and we don´t make any demands on one another in emotional terms - which is something I would avoid like the plague. It´s not that I don´t like making new friends easily...They have to cativate me at first...We all grew up in the same social, professional and geographical world that we now occupy as adults. The group of seven offers me as much security and intimacy as I require!