Tuesday 17 May 2011

MODERN LIFE...


Paixões pela net
WALCYR CARRASCO
REVISTA VEJA SP

Recentemente, eu me surpreendi em uma pesquisa. Descobri que boa parte das donas de casa já incorporou o computador ao seu cotidiano. Elas adoram as redes sociais, que usam para trocar informações, fazer amizades e, é claro, fofocar. As paixões também acontecem, e como! Eu imaginava que as mulheres teriam medo, por exemplo, de marcar encontros com desconhecidos. Puro engano:

— Pela internet, a gente conhece melhor a pessoa. Conversa tudo o que tem para conversar e depois se encontra ao vivo.

Muitas já têm uma história de fadas para contar. É sempre a de uma amiga divorciada, sem perspectivas afetivas, que conheceu um sujeito legal pela internet. Depois de muito papo eletrônico, encontraram-se. E estão juntos até hoje. Sendo sincero, eu também conheço um caso semelhante. Após anos de convívio, o casal continua tão apaixonado que, quando ele a chama, o celular toca a marcha nupcial!

Mas nem tudo são flores.

Eu conheci uma escritora bem atraente, na faixa dos 30 anos. Começou a falar com um “rapaz” pela internet. O relacionamento foi se aprofundando. Finalmente ele confessou:

— Não tenho 30 anos como você.
— Isso não me importa. Quantos você tem?
Silêncio cibernético. Finalmente, confessou:
— Cinquenta e quatro.
Ela continuou achando que estava tudo bem. Encontraram-se. Antes de abraçá-la, ele começou a tossir:
— Sou asmático.
Apaixonada, ia dar importância para asma? Foram adiante. Mas ele tinha um ciúme doentio.
— Para quem você telefonou hoje? O que conversaram?
Ou:
— Quero ler os seus e-mails.
Pior: ele mentira em tudo. Não trabalhava. Estava desempregado havia anos. Foi morar com ela para diminuir as despesas. Controla tudo o que ela faz. O que não é muito: durante uma crise de nervos, ela pediu demissão do emprego. Estão os dois na rua, tentando descobrir um jeito de pagar o condomínio. Outro dia ela ameaçou jogar o computador pela janela!

Perto dos 40, uma amiga andava preocupadíssima.

— Não me casei ainda!

Batalhou pela internet. Conheceu um rapaz da Zona Norte de São Paulo. Marcaram o encontro pessoal. Ela não teve dúvidas: botou um casaco de inverno bem pesado. Mas, embaixo, estava completamente nua. Sinceramente, não sei o que passou em sua cabeça. Talvez quisesse praticar uma sedução à primeira vista. Tipo Cleópatra, que se desenrolou do tapete. Conheceram-se. Era um executivo de nível médio, sério. Irresistível! Ousada, ela abriu o casaco num café do centro da cidade. Só para ele, é claro. E o rapaz ficou encantado pela audácia.

— Finalmente eu me dei bem! — ela acreditava.

Como empresária, pouco tempo depois, guindou o executivo a diretor de seu negócio. Só havia um problema: ele sempre tinha uma desculpa para não levá-la para a casa dele.

— Minha mãe é muito simples, não vai se sentir bem com uma mulher sofisticada como você.
— Justamente agora estamos recebendo a visita de uns parentes, mas...

Um dia ele deixou o computador ligado. Ela não resistiu, entrou em seus e-mails. E lá estavam as... mensagens para a esposa.

— Você é casado!
— E tenho três filhos.
— Ou se separa ou perde o emprego!

Ele se separou. Não sei se por amor ou por praticidade. Mas a vida não anda fácil. Tem de trabalhar o dobro, para sustentar a ex e as crianças. E agora sua mulher pegou ciúme do computador.

Que o rapaz não é fácil, ela já sabe. No passado, bastaria controlar suas idas e vindas. Agora, a tentação pode estar entrando em casa, enquanto com uma expressão inocente ele finge atualizar os e-mails.

Se um dia ela se separar, já sabe. A culpa será do computador!

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I am one of those guys with a fat address book - maybe because all my friends tell I'm charming and clever! But as far as I´m concerned, friendship is a club of seven people which was fully by the time I was 25. We all share the same interests, and we don´t make any demands on one another in emotional terms - which is something I would avoid like the plague. It´s not that I don´t like making new friends easily...They have to cativate me at first...We all grew up in the same social, professional and geographical world that we now occupy as adults. The group of seven offers me as much security and intimacy as I require!