Saturday 5 June 2010

WHO CARES?

"Por que somos tão desprezados como professores?"
Faça uma enquete, professor: quantos dos seus alunos pretendem se dedicar ao magistério?
Por Fábio dos Santos*

"Peraí, nada de desânimo, caro colega, cada um pensa o que bem quiser, somos ou não donos de um país livre?", disse o professor de Matemática, Carlos, dirigindo-se à professora de Biologia, Cláudia. Eu apurei os ouvidos. Estávamos no intervalo. De todos naquela sala, eu era o mais jovem e novato professor. "Não se trata de uma apologia contra o magistério", continuou, sempre incisivo. "Mas, que dá vontade de largar tudo de uma vez, isso ninguém pode negar."
"Então, por que somos tão desprezados como professores?", queixou-se Cláudia. E a questão pairou no ar.


Dentro da sala de aula, os alunos percebem o que se passa com o professor a cada dia. Eles se inteiram de tudo, graças à velocidade das e ao acesso fácil às informações. O que é mais prático aprender: o quanto é investido na educação, por exemplo, ou na segurança etc. ou funções, equações de 2º grau, polinômios? Como alunos, chega até ser irritante o quanto somos obrigados a ver um assunto que nunca utilizaremos em nossas vidas. Por isso o desinteresse de Afonsinho ou de Joãozinho por determinadas matérias.


Em detrimento às dificuldades apresentadas por algumas disciplinas, ouvimos das bocas rasas dos alunos uma aversão exacerbada pela profissão de professor. Quer ver: faça uma enquete, caro colega, em sala de aula, sem compromisso, e conte quantos alunos sonham em ser professor. Não desanime nem faça muxoxos com o resultado se as profissões campeãs forem na área jurídica ou médica. O sistema é bruto, todos nós sabemos. O que não justifica cochichar pelos cantos, reclamar feito louco, passando-se por coitado, sem ao menos tomar uma atitude.


Quando era aluno do fundamental, me perguntaram o que eu gostaria de ser. Imaginem a profissão! Escritor. E olha o que me tornei: professor. Desanimar? Nunca. Mas fica aquela sensação de que quem não tem talento ou dom para fazer qualquer outra coisa na vida se não lecionar estará condenado a sonhar pequeno.



(*) É poeta e professor de Literatura e Língua Portuguesa da Escola Estadual Dr. Edson dos Santos Bernardes, que fica no bairro do Vergel, Maceió-Alagoas.


Professor, se você tem alguma experiência que queira compartilhar com outros docentes, envie-nos os detalhes no e-maill.portuguesa@ criativo.art.br

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I am one of those guys with a fat address book - maybe because all my friends tell I'm charming and clever! But as far as I´m concerned, friendship is a club of seven people which was fully by the time I was 25. We all share the same interests, and we don´t make any demands on one another in emotional terms - which is something I would avoid like the plague. It´s not that I don´t like making new friends easily...They have to cativate me at first...We all grew up in the same social, professional and geographical world that we now occupy as adults. The group of seven offers me as much security and intimacy as I require!