Friday 15 January 2010

Gentlemen's land II


Num frio avassalador encolhi-me num taxi e dirigi-me à estação Paris Nord de onde parte o eurostar com destino a Londres. Lá, onde uma teia de nuvens e névoa parece envolver tudo eternamente, morava um grande e valioso amigo brasileiro, agraciado pela profissão a residir no primeiro mundo. Mas voltando às luzes e cores de Londres, falo de David Hockney, que nascido num país onde no inverno às quatro e meia da tarde já é noite, soube captar toda a mágica luminosidade londrina, ao pintar um quadro onde o seu jovem amante, Peter Schlesinger, aparece ao lado de uma piscina. Mas há um conforto em Londres. Que roupa não combinaria com a luz tênue de um dia cinzento? Mais ainda entrar num taxi londrino é uma das melhores sensações do mundo. Depois te ter passado alguns dias em Paris, enfrentando os garçons e os taxis franceses? É um regozijo para o corpo e a alma. O “black cab” é confortável, seguro, elegante, discreto e não tem o cachorro do chofer de taxi parisiense babando no seu pescoço. Uma das maravilhas do trânsito e de deixar estarrecido qualquer motorista brasileiro é a “zebra crossing” , onde o carro é obrigado a dar preferência para o pedestre ´o que por si só já diferencia Londres de qualquer outra metrópole. Estar na terra dos “gentlemen” mais uma vez é no mínimo um privilégio. Mas quem realmente são esses homens coalhados de maneirismos e que tanto encanto provocam nas românticas de plantão? Ao típico, pouco culto e mal educado machão brasileiro, todos eles não passam de maricas. Mas engraçado ainda quando as próprias mulheres, à falta de qualidades suficientes para seduzir, descambam para o julgamento precipitado da opção sexual do indivíduo que no fundo só reflete a boa educação que teve. Terno, gravata, sobretudo, chapéu, cigarros longos, charutos e cachimbos, com as boas maneiras de quem estudou em colégio interno. Delicado ao acender o cigarro ou levar o charuto à boca, contido, com as mãos atrás do corpo, arrogante diante de uma mulher usando perfume francês forte, maquiagem carregada e falando alto. Trata-se de um indivíduo acostumado a não mostrar seus medos e angústias, como reflexo da auto repressão inglesa. Tais indivíduos foram assim criados com tanta finesse porque na Grã-Bretanha o que define a classe social é a cultura e a maneira de falar, não o dinheiro. E falando em gentleman, eu estava ali a convite desse amigo brasileiro, que conheci nos tempos de UERJ, quando morava em São Sebastião do Rio de Janeiro. Morou em Londres por muito tempo, como correspondente de um grande jornal brasileiro. Rapaz culto, viajado, algo de belo que hoje a maturidade só enaltece, era quem me guiava pelas investidas nas ruas e guetos da tumultuada “City”... Claro que merecerá capítulo à parte, nobre leitor!

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I am one of those guys with a fat address book - maybe because all my friends tell I'm charming and clever! But as far as I´m concerned, friendship is a club of seven people which was fully by the time I was 25. We all share the same interests, and we don´t make any demands on one another in emotional terms - which is something I would avoid like the plague. It´s not that I don´t like making new friends easily...They have to cativate me at first...We all grew up in the same social, professional and geographical world that we now occupy as adults. The group of seven offers me as much security and intimacy as I require!